hoje tive mais descobertas, algumas garagalhadas, flashes de apreensão. as introduções das àreas parecem agora momentos óbvios para alguma soltura pictórica.
começou também a montagem de luz no palco (tão grande! visto de dentro)
actividades ao vivo. live activity.
até onde devo planear os meus desenhos nesta ópera? a tentação de ter tudo ensaiado é grande, porque oferece segurança numa performance tão rigorosa como a partitura.
mas aprendi durante os ensaios que a música barroca é das menos “escritas” ou seja, deixando muito para o intérprete improvisar ou “interpretar”. não é isso que eu devo fazer também?
primeiro ensaio corrido de todos os recitativos para cantores, baixo contínuo e maquete. soube bem poder sentir o fluxo narrativo da ópera, com o Carlos a controlar as movimentações de entrada e saída de personagens. deu também para peceber os locais onde o meu trabalho está mais frágil e a precisar de mais ideias.
a equipe está em alta.
chegou Michael Spyres, o tenor que faltava ao naipe, e de repente ficámos suspensos, inspirados e maravilhados.
tudo parece fazer um novo sentido agora. os ensaios cénicos começam a parecer-se com alguma coisa, a equipa começa a ganhar cumplicidades.
falam-se várias línguas ao mesmo tempo – português, inglês, italiano, francês, espanhol – mas o ambiente está a aquecer.
um dia confuso, cheio de variadas solicitações impedem-me de me concentrar no trabalho: uma conferência de imprensa de manhã, a montagem de uma pequena exposição e apresentação de livro à tarde.
é desesperante como as solicitações da imprensa vêm justamente na altura em que mais nos temos de concentrar no trabalho em cena.
mais apresentação do projecto aos novos cantores, mais maquete, mais storyboard, mais ensaios de recitativos, mais preparação de conferência de imprensa e finalmente! uma hora e meia para projectar algumas imagens e trabalhar movimentações com os cantores.
tantos preliminares e parece que nunca mais pomos as mãos na massa!
primeiros ensaios de árias e recitativos com os cantores. é incrível como as vozes tiram as notas do papel para as transformar em emoções. tempo também de conhecer mais 2 cantores (Geraldine McGreevy e Maria Hinojosa) e começar a entender a escolha do naipe, as diferenças de timbre, interpretação, força. tempo de perceber a visão que o maestro Enrico tem da obra nos seus mais pequenos detalhes. alguns recitativos já me dão ganas de criar imagens/sons. mas por enquanto é apenas tempo de ouvir, não de desenhar.
primeiro encontro com metade do elenco ( cantores Ana Quintans, Martin Oro e Pamela Lucciarini).
eu e o Carlos Pimenta tentámos explicar com a nossa maquete e storyboard aquilo que se vai passar visualmente.
“very promissing” comentou um deles no final.
mas a verdade é que, ao ver o Carlos a transportar as figurinhas para cá e para lá, não pude deixar de pensar que o que nos espera é bem mais que cartão.


Começam hoje os ensaios com os cantores no CCB para a ópera Antígono que estreia no dia 21 deste mês. Vou manter aqui um diário desta contagem decrescente.
A desenhar com a música dos Galandum Galandaina, no festival Lisboa Mistura. Memorável!
Great gig, drawing with Galandum Galandaina at Lisboa Mistura Festival.
fotos da Cristina Brito (obrigado!)